Para os que conhecem o senador Renan
Calheiros desde a década de 1970, no movimento estudantil da UFAL. Sabe bem que
ele sempre foi um talento raro para a política. Trazia o DNA do “Major Olavo”,
grande personagem de Murici, a que agregou ao aprendizado com a turma da
esquerda – que lia muito, ao contrário dele, mas que não tinha os dons que
Calheiros já carregava na alma.
Elegeu-se pela primeira vez em
1978, para deputado estadual. Foi um furor, construindo uma carreira política
de avanços na velocidade da luz.
Em 1990, entretanto, levou a
maior rasteira de sua vida como “homem público”: o amigo-aliado Collor
juntou-se a outros amigos-aliados e deixou Calheiros sem emprego, sem dinheiro
e com muitas dívidas.
O Renan de hoje já é tão outro
como se aquele, lá do movimento estudantil, não tivesse existido.
Acumulou poder, riqueza e nenhum
amigo (ele mesmo sabe disso). Tem aliados eventuais; suas relações são baseadas
no pragmatismo e no utilitarismo: há de ser bom para ambos, ainda que péssimo
para todos os demais.
É assim que funcionam todas as
“governabilidades”: daqui, de Brasília, do resto do mundo.
Se há um lado ruim nessa
história?
A começar: não ter um só amigo
(verdadeiro, desinteressado) deve ser doloroso.
Não poder frequentar lugares
públicos, hotéis pelo país, pelo risco de ser hostilizado – até com a família
–, não me parece ser o melhor dos mundos.
Mas tudo é custo-benefício.
Seguramente para ele o hoje é
melhor do que o ontem.
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