A política é a arte da representação. Para governar as mutilações infligidas à vida, a política constrange os indivíduos à passividade, à contemplação do espectáculo montado a partir da própria impossibilidade de agir, a partir da delegação irresponsável das próprias decisões. Então, enquanto a abdicação da vontade de se determinar a si mesmo transforma os indivíduos em apêndices da máquina estatal, a política recompõem numa falsa unidade a totalidade dos fragmentos.
O poder e a ideologia celebram desta maneira o seu funesto casamento. Se a representação é o que tolhe a capacidade de agir dos indivíduos, dando-lhes em contrapartida a ilusão de serem participantes e não espectadores, esta dimensão do político reaparece sempre onde quer que qualquer organização suplanta o indivíduo e onde qualquer programa os mantém na passividade. Reaparece sempre lá onde uma ideologia une o que na vida é separado.
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