Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2011
Uma frase muitas vezes não ... dita, mas que passa na cabeça dos políticos. A política é a arte da impessoalidade . Cada acção é como o instante de uma centelha que escapa da ordem da generalidade. A política é a administração desta ordem. “Que valor tem uma acção face à complexidade do mundo?” Assim argumentam os anestesiados no torpor duplo de um Si [ 1] que é ninguém e de um Mais tarde que é nunca.  A burocracia, criada fiel da política, é o nada administrado para que Ninguém possa agir. Para que ninguém reconheça a sua responsabilidade na irresponsabilidade generalizada. O poder já não diz que tudo está sob controlo, diz pelo contrário: Se nem eu dou conta do recado, imagine-se outro qualquer no meu lugar “. A política democrática está hoje em dia baseada na ideologia catastrófica da emergência (” Ou nós ou o fascismo, ou nós ou o terrorismo, ou nós ou o desconhecido”).  A generalidade, mesmo a de oposição, é sempre um acontecimento que não acontece nunca e q

Punhaladas na Política

A política é a arte da representação . Para governar as mutilações infligidas à vida, a política constrange os indivíduos à passividade, à contemplação do espectáculo montado a partir da própria impossibilidade de agir, a partir da delegação irresponsável das próprias decisões. Então, enquanto a abdicação da vontade de se determinar a si mesmo transforma os indivíduos em apêndices da máquina estatal, a política recompõem numa falsa unidade a totalidade dos fragmentos.  O poder e a ideologia celebram desta maneira o seu funesto casamento.   Se a representação é o que tolhe a capacidade de agir dos indivíduos, dando-lhes em contrapartida a ilusão de serem participantes e não espectadores, esta dimensão do  político reaparece sempre onde quer que qualquer organização suplanta o indivíduo e onde qualquer programa os mantém na passividade. Reaparece sempre lá onde uma ideologia une o que na vida é separado.

Punhaladas na Política

A política é a arte da separação . Onde a vida perdeu a sua plenitude, onde os pensamentos e as ações dos indivíduos foram dissecados, catalogados e encerrados em esferas separadas – aí começa a política.    Tendo afastado algumas das atividades dos indivíduos (a discussão, o conflito, a decisão em comum, o acordo) para uma zona que por si mesma pretende governar — certa da sua independência — todas as outras, a política é ao mesmo tempo uma separação entre separações e a administração hierárquica da existência de separações. Deste modo, a política revela-se como uma especialização, forçada a transformar o problema irresolvido da sua função num pressuposto necessário para resolver todos os problemas.  Exatamente por esta razão, o papel dos profissionais na política é inquestionável — e tudo o que se pode fazer é substituí-los de tempos a tempos. De cada vez que os subversivos aceitam separar os vários momentos da vida e mudar — partindo dessa separação— as condições